“Me aconselharam um analista, mas acho que vou preferir gastar meu dinheiro trepando”.
Essa frase, dita por um riquinho babaca a uma garota de programa, resume um pouco a idéia de Soderbergh em fazer esse filme poético que fala sobre dinheiro, confiança, poder e protituição.
Com mais de vinte filmes nas costas, o diretor de “Erin Brockovich, Uma Mulher de Talento” vem dessa vez com uma produção pequena, barata e maneira: Confissões de uma Garota de Programa que conta um estória de Chelsea (interpretada pela gostosona e prostituta na vida real Sasha Grey), uma garota de programa classa A cujos clientes são os bam-bam-bans de Wall Street dispostos a pagar dois mil dolares pela trepada. A história se passa em Manhattan, em plena crise econômica que anda metendo o pau nos anais econômicos dos EUA, com as dúvidas e dívidas do mercado financeiro e às eleições que levaram Obama a presidência do país.
Todo esse clima de incertezas nos é mostrado na visão de Sacha, tesuda, linda e maravilhosa que começa a duvidar da sua capacidade profissional quando diminui clientela. Mandando ver na criatividade adquirida ao longo de uma bela carreira, Steve Soderbergh utiliza uma fotografia realista para nos deixar com a impressão de estarmos presenciando de perto cada momento, isso até chateia um bocado no começo, mas depois nos acostumamos e até curtrimos a essa intimidade que nos é dada ao lado da gata.
A narrativa não-linear encaixa-se perfeitamente na proposta de dificultar a entrada do espectador na intimidade da Sacha, cuja profissão não permite muitas brechas para invasões sentimentais, sua expressão no filme é sempre a mesma, séria e decisiva. Mas nem por isso ficamos totalmente de fora das dores e emoções da personagem, que sempre se manifestam naturalmente nas surpresas que a vida lhe impõe.