sábado, 25 de fevereiro de 2012

Nunca é tarde para descobertas


Eu era uma criança, e depois fui um adolescente, muito preconceituoso em questão de banda de rock, ou melhor, em tudo que é música em geral. Cresci no rico período em que o Rock brasileiro estava no seu mais alto patamar, até a Rede Globo tinha um programa vespertino aos sábados chamado “Show Rock”, onde duas bandas se apresentavam com dois convidados famosos (Até bem pouco tempo eu ainda tinha um VHS gravado dessa época com Titãs e Barão e a participação especial de Caetano e Luiz Melodia).

Bom, mas voltando ao preconceito, eu tinha minhas bandas favoritas, como todos têm, e não ouvia nada que fugisse muito daquele estilo sonoro que eu julgava o melhor, e mais, se o som ficasse muito “popzinho” ou começasse a cair muito no gosto do povão, eu já deixava de ouvir.

Uma banda que eu nunca havia ouvido e que por puro preconceito falava mal era o “Hanói-Hanói”. Hoje nem lembro mais o porquê dessa banda não ter entrado sequer no rol das que ouvi e não gostei, eu simplesmente a descartava sem conhecer (deve ter sido pelo fato do nome ser meio escrotinho).

Mas é aí que vem a parte boa do preconceito. Hoje, eu já velho barbado, finalmente DESCOBRI Hanói-Hanói! E foi meio que por acaso, eu estava atrás de uma versão ao vivo de “Totalmente Demais” e acabei baixando o primeiro disco da banda, e foi só ouvi-lo na íntegra e ficar babando, arrepiado, emocionado. Já fui baixando tudo que eu encontrava deles, e por sorte consegui toda a discografia, cinco álbuns, quatro de estúdio e um ao vivo, tudo muito bom aos ouvidos, uma espécie de Cazuza misturado com Lobão com sonoridade à lá Júlio Barroso, o que da aquela nostalgia do rock carioca mais original da década de oitenta.

O vocal de Arnaldo Brandão é podre e doce, crítico e cínico, debochado e sincero. Os três discos de estúdio são para uma degustação sem pressa, repetindo cada faixa pra não perder nenhum detalhe, já o ao vivo é pra quando estiver puto ou triste, beber uma garrafa de vodca e ouvir no volume máximo.

Se você é de direita
Não tem nenhum direito
De dizer que é de direita
Quem nem mesmo à direita
Da esquerda....tá
(Hanói-Hanói)