sábado, 8 de dezembro de 2012

Rambo



Esse é o Rambo, meu cão Vira-lata. Tem idade desconhecida. Minha tia pegou o coitado quando estava mal tratado e jogado na rua. Antes dele vir para minha família o pobrezinho já havia sido atropelado, mordido por cobra e ainda apanhava do “dono”. Sofreu tanto que passou quase a vida toda com medo de tudo. Não podia ver uma lagartixa que logo enfiava o rabo entre as pernas e saia de orelhas baixas. Chegou lá em casa tão magro que quase não se aguentava em pé, e foi só com muito amor, cuidado e dedicação que ele voltou a ter autoestima, confiança na raça humana e amor próprio. Hoje está mais gordo que uma porca e adora latir para o lixeiro, e se você sentar perto dele está arricado a levar uma unhada no braço que significa “quero carinho”.
De acordo com o veterinário, Rambo deve ter entre 12 e 14 anos de idade. Ele tem um câncer benigno na barriga, nasceu uma espécie de bola que cresce e que não pode ser operada por risco de morte na cirurgia. Mas com todos os problemas passados e presentes ele é um cão feliz. Vive num lar onde todos o amam, tem um companheiro também cachorro pra brincar – o Tobinho – e é paparicado o dia todo.
Rambo torce pelo fluminense, é socialista, católico apostólico romano (apesar de nunca ter sido batizado e nem ter feito primeira comunhão), gosta de Julio Iglesias e de alguns nomes da MPB. Não acompanha novelas, mas acha a Malu Mader uma coroa interessante, "da pra pegar", me confidenciou dia desses.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O Vampiro Capitalista

Alguém sente saudade do passado “mutante” de Cronenberg?
Eu até que curto aqueles temas mais filosóficos da “juventude cinematográfica Cronenberguina”, onde víamos as perversões sexuais levadas ao extremo no ótimo “Crash – estranhos prazeres”, ou no perturbador e angustiante “eXistenZ”, em que uma programadora de jogos cria uma porta com base na espinha das pessoas e passa controlar vidas humanas. Surrealismo, fantasias bem filmadas e roteiros antinaturais que nos faziam passar por um portal e seguir em um mundo abstrato, bizarro e novo.

Mas Cronenberg mudou radicalmente nos últimos anos, sua obsessão parece ter mudado do surrealismo bizarro para o gênero em que mal uso do poder gera inevitáveis conseqüências, como aconteceu nos ótimos “Marcas da Violência”, “Senhores do Crime”e “Um método perigoso”.
E agora em 2012, para quem sentia saudade, a loucura novamente se apoderou da mente do diretor, e seu novo trabalho é um tanto difícil de digerir. “Cosmopolis”, trás o badalado Robert Pattison na pele de um milionário jovem que transforma sua limusine numa espécie de escritório móvel e faz um tour de um lado ao outro da cidade com o objetivo de cortar o cabelo. No lado de fora e ao redor do seu carro está todo reflexo de um sistema capitalista que transforma a maioria da população no extremo oposto do que um jovem milionário é. Porém a limusine blindada e totalmente segura de qualquer invasão o deixa a parte de qualquer manifestação ou perigo.
Com diálogos ora inteligentes, ora surreais, Cronenberg mostra o vazio existencial do jovem dentro de um universo só seu,  livre do perigo que seu próprio dinheiro criou e preso em um cárcere com todas as tecnologias e regalias que o dinheiro pode comprar.
Apesar de jovem e milionário o personagem de Pattison é medroso, teme o exterior da sua jaula, vive imerso em uma profunda apatia e sofre de síndrome do pânico. Um mundo aparentemente perfeito que as pouco, bem aos poucos, está se desmoronando por alguns simples erros. É uma metáfora sobre o capitalismo do século XXI.

domingo, 11 de novembro de 2012

Para Moisés Moraes Filho, outra vez!

Não posso dizer, como a maioria dos torcedores, que tive somente um time desde que nasci, ou seja, não sou Fluminense desde sete de Janeiro de 1975. Meu pai é Botafogo, e como o via e ainda o vejo como herói, como o homem mais completo que já conheci, tive uma infância botafoguense, com direito inclusive a ser fotografado quando criancinha com a camisa alvinegra de estrela amarelada no peito. Alias, pra ser mais verdadeiro, ainda tenho um pedacinho do coração botafoguense, e onde está escrito que não podemos torcer por dois times?
Contudo, hoje sou Fluminense. E isso graças a outro grande homem: meu vovô Moisés.
Locutor da mais popular estação de rádio de Nova Friburgo e dono de um carisma sem igual, vovô Moisés foi o responsável pela minha virada de casaca aos cinco anos de idade, quando o Fluminense conquistou mais um de seus inúmeros títulos estaduais.
Vovô era o cara que puxava as carreatas da cidade quando o Flu era campeão, íamos num caminhão com uma imensa bandeira tricolor a balancear pelos ares; eu pequenino agarrado nas suas pernas pra não cair, ele de pé, com um microfone nas mãos a proliferar sua belíssima voz, ora gritando para os transeuntes para juntarem-se a nós, ora cantando o hino do clube. Era impossível não ser Fluminense. Vovô me fazia ver aquelas três cores como um passaporte para a felicidade, ouvir aquele hino como uma música de uma guerra já conquistada. Éramos campeões e superiores sempre. Na minha cabeça tudo relativo ao Fluminense era mais bonito.
Quando vovô foi para o céu uma parte de meu “eu” torcedor também se foi. Nunca abandonei meu Flu, mas a alegria já não era a mesma de antes.
Hoje, nos momentos finais do jogo,  voltou àquela mesma alegria dos tempos da torcida em companhia de vovô, parecia que ele estava aqui em Niterói comigo, revirando e massageando as próprias mãos e estalando os dedos num nervosismo sem fim, de um jogo batalhado que custa a terminar, e aí, no apito final do árbitro, vinha aquela espontânea gargalhada de "eu sabia"; e ele vinha me abraçar.
Lembrei de muita coisa. Ontem foi dia especial na terra e no céu. Obrigado meu Flusão, muito obrigado vô Moisés, hoje vocês me fizeram derramar lágrimas.
Ps. Parabéns mais que especial ao meu irmão Cris, tricolor apaixonado e hoje orgulhoso.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A que amava B que amava C que amava A

Sei que sou um pouco exigente em relação a cinema, para eu comprar uma entrada tenho que ter quase certeza de satisfação garantida. Em TV a cabo e filmes baixados na Internet é a mesma coisa, não perco meu tempo com bobagens e já perdi a conta das vezes em que abandonei um filme pela metade. Gosto de todos os gêneros, com exceção daquelas comédias românticas estadunidenses (acho um saco), mas dessa vez fui surpreendido com uma.
Sinceramente não sei porque cargas d'água baixei “Amor a Toda a Prova”, pois além do título ser ridículo (no original também é ruim “Crazy Stupid Love”), a direção é desconhecida. Pode ter sido o pôster que alfinetou meu fetiche por pés, onde uma perna feminina dentro de um lindo scarpin preto parece intimidar um homem indefeso, ou mesmo o elenco coadjuvante, que conta com o talento de Juliane Moore, Kevin Bacon, Ryan Gosling entre outros. Não sei, mas baixei e acabei assistindo. Adorei!
O filme se trará de uma comédia romântica que parece feita para homens, são os problemas masculinos que vão dar vida nas duas horas de filme.
Cal Weaver é um homem casado cuja esposa, do nada, pede o divórcio e diz que transou com um colega do trabalho. Desolado e infeliz ele passa a freqüentar pubs, perturbando a todos, choramingando que é corno e se afogando no álcool. É quando conhece Jacob Palmer (exemplarmente interpretado por Gosling), maior pegador de mulher do local, que sente pena do fracasso de Cal e se compromete em ajudá-lo a virar também um pegador.
Vocês podem estar achando que já viram alguns filmes com roteiro parecido antes, mas não se enganem, é uma história boa e nova, com alguma nostalgia dos antigos filmes românticos dos EUA dos anos 50 e 60.
Com bom humor sobre as desgraças pessoais do homem comum, o filme  inclui um olhar aprofundado e às vezes até amargo sobre o amor não correspondido, sobre a crença da existência de uma alma gêmea,  do medo do envolvimento afetivo, da insegurança. É uma montanha russa de momentos dramáticos, tocantes e engraçados, tudo tratado com muita habilidade para que nada saia dos trilhos ou pareça banal.
No seu gênero, é sem dúvida o melhor filme do ano, já virou clássico, mas não sabe.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Quem tem medo do Cine Um por Dia?


Um dos melhores sites nacionais de cinema vem sofrendo de um problema no mínimo estranho. Ao tentar o acesso aparece uma página cinza/vermelha super ameaçadora com os seguintes dizeres: “PÁGINA AVALIADA COM FOCOS DE ATAQUE. Focos de ataques são páginas que tentam instalar aplicativos que roubam informações pessoais, usam o seu computador para atacar outros ou danificam o seu sistema.
Algumas destas páginas intencionalmente distribuem software nocivo, mas muitos são comprometidos sem o conhecimento ou permissão de seus responsáveis.”
E logo abaixo disso aparecem dois locais para você clicar, um deles dizendo “Me Tire daqui”. E só lá num cantinho bem pequenininho está o item “ignorar esse alerta”.

Claro que ignorei o alerta e entrei no site, pois o Cine Um por Dia é administrado pelo competentíssimo Cinéfilo, que além de ter um carinho imenso pelo seu excepcional blog ( o cara é um mestre em cinema), ainda tem tempo de dar uma atenção especial para os que lá freqüentam, sempre trazendo os mais raros e belos trabalhos da sétima arte, como arranjando, de quando em vez, aquele pedido de filme difícil, ou mesmo, pacientemente, explicando como se faz para baixar ou juntar partes de um filme.

Sobre o tal problema, é só ignorar e entrar no site, sem qualquer medo. O cinéfilo já fez de tudo para tirar o tal aviso, e até acha que pode estar sofrendo algum tipo de boicote por seu blog ter um conteúdo muito rico e diferenciado.
Então, vai lá, clique AQUI, ignore o tal alerta e esteja seguro para curtir o mais alto nível da sétima arte.
Vida longa ao Cine Um por Dia!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

É Tulipa

O disco mais esperado do ano já está pronto, Tulipa Ruiz começa a agendar shows por todo o país. Chegou a marcar uma data no Circo Voador, mas não sei por que cargas d'água foi cancelado. Ando fuçando em tudo que é Site de música em busca de notícias sobre seus shows aqui pelo RJ (e dessa vez prometo ir em mais de um), e nao é que acho esse clipe de uma música do novo CD? Que maravilha, nossa Tulipinha está de volta e em excelente estilo!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sim, entendi, mas e aí?


O drama aqui é sobre traição, infidelidade conjugal. Não! Voltemos. O drama em questão é sobre o amor, o amor descoberto tarde demais, tão tarde que agora é proibido, tem que ser curtido às pressas e em segredo. Não, não, comecemos de novo! O drama em questão é para sofrer o sofrimento daquele que deixa de ser amado e que aos poucos começa a ser abandonado(a) pelo parceiro(a) dentro da sua casa, do seu casamento.
 É nesse vai e vem que se desenrola “Que Mais Posso querer”, o novo longa de Silvio Soldini (Pão e Rosas). O filme é simples, e fala do simples: pessoas se apaixonam, trepam, sorriem, sofrem, fazem outros sofrerem e a vida se segue. E esse é um dos méritos do filme, não há desculpas baratas, mentiras sem nexo ou explicações psicologias para a traição, os casais não estão em crise. É a vida de duas pessoas casadas e sem grandes problemas, com bons empregos e relacionamentos, e que pularam a cerca atrás do sexo, se apaixonando.
Ao contrário de outros filmes sobre o tema, Soldini nos da uma visão clara e imparcial sobre cinco personagens, dois adúlteros, dois traídos e um amigo que descobre o romance proibido. Mas a vivência de cada um na história é tão complexa que dificulta uma abordagem crítica do expectador. Mesmo aqueles que abominam a traição, vão se render ao amor dos cúmplices; e aqueles adeptos ao amor livre vão questionar a ingratidão de se deixar uma mãe sozinha em casa com os filhos ou um marido gente boa, que faz tudo para agradar a esposa que ama.
O roteiro é franco e a história não se utiliza apenas dos diálogos para se manter, o filme é todo construído através de imagens de uma Itália que pode ser linda ou feia, dependendo do sentimento vivido por quem lá está.
Mas o que Soldini quis passar para o público?  Que somos eternos insatisfeitos mesmo tendo alguém que nos ama ao nosso lado? Ou por outro ângulo, não adianta amarmos e sermos fieis a uma pessoa, pois de uma hora para outra podemos perder tudo isso por um começo de paquera?
 Na verdade, não sei até agora se gostei ou não do filme. Vá e veja!

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Detachment - Indiferença


Narrativa cinematográfica batida é a do novo professor que entra em determinada escola na tentativa de mudar a vida de jovens criminosos, drogados e membros de gangue que lá “estudam”. Já na primeira aula surgem os primeiros conflitos de identidade, as ameaças e ofensas, depois as coisas começam a amenizar e no final tudo parece entrar nos eixos.
O diretor Tony Kaye que já trabalhou com o tema da violência juvenil no maravilhoso “A Outra História Americana”, agora foca seu trabalho na vida de um professor substituto que assume a pior classe de uma escola mal freqüentada.
Nos primeiros vinte minutos já notamos um roteiro que tenta de todas as maneiras fugir dos clichês, dando grande ênfase à vida pessoal dos professores, suas dores, emoções, raivas e problemas familiares advindos do estresse das salas de aula. Kaye utiliza a abordagem pseudodocumentário, têm cenas que Adrien Brody se dirige ao público e expõe determinado assunto. Outro recurso é a animação, onde o quadro negro e o giz formam ligeiros desenhos, e também há rápidas passagens sobre a infância do personagem principal.
É um filme maduro, poético e violento, em que o destaque vai para um Adrien Brody sensacional, emocionando na sua melhor atuação desde “O Pianista”.
"Detachment" tem valor por levanta a voz para que o espectador tome partido e se envolva  nos problemas educacionais, um dos que mais afetam a sociedade como um todo.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Estratégia ou Vacilo?

Tomei um susto danado ao abrir a página da Yahoo de hoje e ver Lula abraçado com Maluf! Que porra é essa? Será que pegaram Maluf “malufando” (malufar = roubar) a carteira de Lula? Li o texto e fiquei perplexo em saber da aliança petista com tal salafrário. Não aceitei, fui pro G1, pro UOL, pro Le Monde e etc para saber se era verdade, e era. Dessa vez não era montagem nem invenção de VEJA. Por essa ninguém esperava, ok! Mas pensando pelo lado racional, ou seja, São Paulo só perdendo para Nova Friburgo como pior colégio eleitoral do país, não é uma bola tão fora como parece. Maluf tem de 10 a 13 por cento de votos válidos por lá, Martha está com índice de rejeição imenso, cerca de 25%, e o PT, ou melhor, Lula está apostando as fichas na eleição de um candidato novo e quase sem expressão política, o tal do Fernando Haddad. Se a jogada der certo mesmo, e o PT assumir SP, fica menos doloroso dar uma cadeirinha de algum órgão para alguém que seja mais ou menos honesto do PP do que perder a eleição. Só não sei se vai valer à pena a jogada para as eleições maiores (Estaduais e Federal), pois vão usar essa foto tosca a torto e a direito para acusar os petistas de traidores, ou na melhor das hipóteses de vira-casacas.
 
Só Deus sabe o que mais veremos na política nacional.
 
 
 

gianbonan@ymail.com

domingo, 17 de junho de 2012

Tudo posso em mim.


Ganhar Palma de Ouro no festival de cinema de Cannes ou o Urso de Ouro no de Berlim são as maiores condecorações que um cineasta pode esperar como reconhecimento de seu trabalho. Esses festivais são a nata do que há de melhor no mundo em relação à sétima arte, seguidos diretamente pelo também maravilhoso festival de Veneza.
Um dos prêmios que acho tão importante, ou talvez ainda mais do que os citados acima e que não tem uma repercussão tão grande é o da Câmera de Ouro de Cannes, que é prêmio para o melhor primeiro filme entre a Seleção Oficial, a Quinzena dos realizadores e a Semana da Crítica.
Em 2005 quem levou a Câmera de Ouro foi a então estreante Miranda July, com o sensacional “Eu, você e todos nós”, impressionando crítica e público pala sensibilidade com que tratou temas do tipo inocência, solidão e atração.
Os seis anos de espera pelo seu novo trabalho valeram a pena, “o Futuro” (The Future) ratifica a diretora como uma das que mais inovam dentro de uma originalidade impar focada em relacionamentos. Dessa vez a história gira em torno de um casal que pretende adotar um gato, mas teme perder a liberdade a partir do momento que se concretizar a adoção. O bichinho ficará na veterinária por um mês, até se recuperar da pata machucada, e o casal vê que esse intervalo de tempo é o último de suas vidas para fazer o que bem entenderem, então ambos abandonam seus empregos e passam a questionar suas prioridades de vida nesse breve e rápido futuro de totais liberdades.

Poder fazer o que quiser sem se prender a um passado, mas temendo assim que o amor e a companheirismo posso se esvair, ficar a um segundo plano não desejado ou planejado.
Querendo ou não o filme lança um desafio para aqueles que o assiste. A rotina do dia-a-dia de poucas variações é melhor que os riscos de uma vida de liberdades? Se você pudesse você pararia, voltaria ou adiantarias as horas e o tempo? E o mais importante, visualizar o futuro, mesmo na perspectiva das probabilidades, ajudaria você a ser mais feliz?
Não será no roteiro de Miranda July que iremos ter as respostas a essas questões, ela somente lança a sementinha nas nossas cabeças. A vida é apenas o começo. Alguma vez você esteve do lado de fora?

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Limpinho


Eu estava tendo um problema sério com meus blogs, ora eu não conseguia visualizar postagens, ora era o blog que não aparecia inteiro, vinha cortado e pela metade. Como não tenho muita paciência pra Internet e muito menos me irrito com coisinhas básicas, fui deixando pra lá, achei que o problema fosse coisa do próprio “blogger” e que o mesmo se corrigiria automaticamente. Mas aí outras páginas foram dando tilt ou não se auto-atualizavam como deveria ser, e seria muita ingenuidade minha achar que estava dando merda em toda Rede de computadores e que o problema não era comigo. Então passei um antivírus bom, limpei os arquivos temporários, joguei muita coisa fora e no final desfragmentei tudo, ou seja, rolou um faxinão por aqui. E agora finalmente as coisas parecem voltar ao normal, assim como voltarão minhas postagens neste espaço.

segunda-feira, 26 de março de 2012

...


Eu poderia falar que o céu agora está bem mais bagunceiro, bem mais feliz e engraçado.

Mas minha dor por dentro é tanta, que é contraditória com qualquer citação dogmática.

Não é raiva, não é discordância religiosa, não é nada. É DOR

Não pode. Não tem que nos deixar uma menina nova, mãe de duas crianças, amada pelo marido e pelos pais, e nem falo do amor dos amigos. E cuja alegria era conquistada com tão pouco, com quase nada.

Perdi Karine que eu amo, e nada me consola. E dói, e vai continuar doendo.

sábado, 24 de março de 2012

Nunca fui beijado


Não sei se o termo “minimalista”, usado com freqüência em relação a tipos de cartazes em cinemas e em outras formas artísticas, pode ser dito em relação a filmes que buscam a simplicidade num todo, que expressam, tanto no roteiro, como na fotografia e na edição uma humildade que beira o amadorismo.

Acne”, escrito e dirigido pelo uruguaio Federico Veiroj, é um filme avesso a qualquer tipo de tecnologia que possa alterar a autenticidade do dia a dia de pessoas comuns com problemas normais e sem qualquer característica especial; silencioso e natural como a vida do adolescente Rafael Bregman, tímido, filho de pais em processo de separação, pouco notado pelas meninas da escola e com toda ebulição sexual natural da idade. Ao perder a virgindade com uma garota de programa, Rafael percebe que não é isso que realmente quer, seu desejo é por um beijo na boca, e de preferência em Nicole, menina do mesmo colégio por quem nutre uma paixão escondida. A baixa auto-estima com as espinhas cada vez mais freqüentes no rosto, os problemas em casa e a indiferença das meninas o levam cada vez mais ao isolamento, a uma solidão em mundo só dele. Observando sempre ao redor, em busca de um flerte, um olhar misericordioso.

O filme é básico, começa, termina e fecha seu círculo. Nada muda, não é pra mudar. Pode gerar bocejo, descontentamento ou tristeza.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Bye Bye Rick


Depois de 23 anos de muita denúncia, processos e acusações, é com muito orgulho que escrevo sobre o fim da era Ricardo Teixeira como presidente da CBF. Ainda não é para ser vastamente comemorado porque seu substituto até o término da Copa do Mundo será o não menos inescrupuloso José Maria Marin, ex-governador de São Paulo que assumiu esse posto de outro ainda mais ladrão: Paulo Maluf na época saía para concorrer ao cargo de Deputado Federal. Só com alguns conhecidos nomes já sabemos que pouco muda até a nova eleição que acontece em 2014. Mas o pouco que muda faz diferença, pois se Ricardo Teixeira agüentasse no cargo até a Copa que será aqui no Brasil ele teria alguma chance de reeleição. Agora, às vésperas de ser divulgado um comprometedor processo judicial que corre na suíça, e de várias e novas denúncias ocorridas aqui no Brasil, entre elas uma transação de quase 4 milhões de dólares com o homem forte da Nike no Brasil, cujo depósito foi feito no nome da filha dele, Antônia Wigand Teixeira, de apenas 11 anos de idade, numa agencia do Bradesco na Barra da Tijuca, Ricardo Teixeira não agüentou a pressão mundial e tenta fugir de fininho. De acordo com o Blog do Jornalista esportivo Juca Kfouri, Ricardo já vendeu propriedades como o Laticínio Linda Linda e a fazenda Santa Rosa em Piraí, e já ensaia uma mudança para um condomínio de luxo em Miami, onde passou o carnaval deste ano. Isso evitaria o confisco de seus bens, estimados em 50 milhões de Reais.

A esperança agora, além das próximas eleições em 2014 para a presidência de CBF, está na Lei Geral da Copa que tramita no congresso, que tem também como objetivo a possibilidade de uma fiscalização mais rigorosa por parte do Estado nessa entidade corrupta de direito privado.

Um sopro de vida


"Ele é tão livre que um dia será preso.
- Preso por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende."

Clarice Lispector

quinta-feira, 8 de março de 2012

Ela


E tudo começou em um grande oito de março, na luta das mulheres socialistas para melhoria nas condições de vida e trabalho, dando início à revolução de 1817. Porém, a data fixa foi definida a partir de movimentos feministas em 1821, na conferência das mulheres comunistas que homenagearam as companheiras costureiras de São Petersburgo, que em 1817 fizeram uma greve geral por pão e paz, e a partir de oito de março desencadearam a revolução russa. Muita luta se seguiu nas conquistas dos direitos mais básicos, tendo a igreja como um dos principais adversários na luta pela igualdade e liberdade.

Hoje no Brasil ainda há luta e muito preconceito. Ainda existe muitos crimes passionais, em média dez mulheres são mortas por dia dentro de casa pelos seus companheiros. Ainda temos alto índice de mortes por aborto por conta da nossa atrasada bancada evangélica na Câmara e no Senado. Temos estupro ao vivo em programa televisivo de alta audiência e estupro coletivo na Paraíba. Contudo, as coisas estão mudando, apesar das mulheres ainda serem minoria no parlamento e em cargos de direção e chefia, temos uma Presidenta da República, dez Ministras e algumas Governadoras e Prefeitas; está sendo votada no senado lei que incrimina empregadores que pagarem para as mulheres salário menor do que pagam para os homens, quando ambos realizam a mesma atividade; as mulheres já são maioria nas nossas universidades e cada vez mais ganham força no mercado de trabalho.

O caminho ainda está longo, mas vocês chegam lá. Eu sou todo torcida. Sou fã incondicionado das mulheres, um verdadeiro escravo da beleza feminina. Meus amigos me dizem que mudo até a voz e o comportamento ao lidar com o sexo oposto, e percebi que é verdade. Tenho admiração e respeito. Meu tratamento com as mulheres é sempre diferencial, me esforço ao máximo para ser carinhoso e prestativo, tanto faz se lido com uma faxineira ou com uma deputada. Acho-as superior. É por isso que para mim todo dia é dia da mulher, mas mesmo assim desejo um feliz dia internacional da mulher para todas as Deusas desse mundo, sem vocês, nós homens não seríamos nada.

terça-feira, 6 de março de 2012

Líbia Depois e Antes da "democratização" dos EUA


É bom rezar todo dia, fera, pra gente nunca virar alvo de uma missão humanitária aliada..

segunda-feira, 5 de março de 2012

O Billy Elliot que perdeu o pai


No momento em que Stephen Daldry apareceu nos primórdios da década passada com um filme que parecia ser mais um clichê – um garoto que quer ser bailarino numa cidade preconceituosa – e faz um dos filmes mais belos do ano, pensei com meus botões: Maravilha! está aí alguém que consegue emocionar sem apelações. Billy Elliot naquele ano virou meu filme da vez, comprei o CD com a trilha sonora e já devo ter assistido umas vinte vezes, no mínimo, sendo que a primeira foi no cinema. Daí pra frente sempre acompanhei o trabalho do Diretor, que infelizmente foi decaindo de filme para filme. Depois de Billy Elliot ele fez o ótimo “As Horas”, seu longa mais premiado: Recebeu o premio do Júri em Berlim, Levou Globo de Ouro na categoria melhor filme de Drama e melhor atriz, e concorreu a oito categorias do Oscar, incluindo aí Filme e Diretor. O filme é muito bom, mas Billy era melhor. Aí vem seu terceiro longa: “O leitor”, baseado no maravilhoso livro de Bernhard Schlink. Não sei se fui assistir com a forte impressão do livro que eu tinha na cabeça, mas não gostei muito, achei no máximo bonzinho, nota seis na escala de uma a dez.
E ontem, numa ansiedade feliz, lá fui eu assistir seu novo e aclamado “
Tão Forte e Tão perto” que concorreu às estatuetas de Melhor Filme e melhor ator coadjuvante, e que fala sobre um garoto que perde o pai na queda das torres gêmeas em onze de setembro. Na verdade essa é a primeira grande produção em drama de ficção a tratar do assunto 11/09, cuja temática por ser delicada demais é evitada nos roteiros. O diretor tenta utilizar a carisma do menino para segurar uma história chata de uma chave achada dentro de um jarro e que pode ajudar o pobre coitado a saber mais sobre o pai desaparecido. A interpretação do garoto é uma cópia descarada do garoto de Billy Elliot, as mesmas caras e bocas, gestos e poses, a mesma persistência, só que no outro filme a busca era por algo concreto e genuíno, ou seja, a conquista de um sonho. Neste, não existe uma perspectiva, personagens mal construídos vem e vão em torno de uma figura curiosa que, por amor a quebra-cabeças e jogos de memória, corre atrás de algo que só existe na sua mente fantasiosa. Nota cinco, estou de bom humor hoje!

sábado, 3 de março de 2012

Violeta Parra


Depois de mais um mês assistindo aos concorrentes ao Oscar 2012 – já que eu queria acompanhar o fetival atualizado – retorno a minha rotina de filmes não falados em língua inglesa.

E já começaram os socos no estômago. Acho que me acostumei com os estilos que concorrem ao mais famoso festival do mundo e me peguei aos prantos logo na minha primeira investida diferente: “Violeta foi para o Céu”, Longa chileno do magnífico diretor Andrés Wood (Machuca) que conta à história de um dos maiores talentos artísticos do país, a grande Violeta Parra, que além de compositora e fundadora da Música Popular chilena, era cantora e artista plástica.

Mulher de fibra e luta, com sua vida sempre dividida aos extremos: Do fracasso ao sucesso, do amor ao ódio, da alegria a tristeza, Violeta sofreu com injustiças sociais, com amor, com a perda de um filho e com o preconceito de ser de um país pobre. Talentosa em vários ramos culturais, mas com uma dificuldade tremenda em lidar com emoções. O filme vai te cativando pela bela música, pela ousadia de Violeta, e pela impressionante interpretação de Francisca Gavilán. A fotografia é linda, e o roteiro não linear nos coloca na vida da artista em vários momentos diferentes, sem atrapalhar o andamento da história.

Em um momento no filme, quando lhe questionam: “se tivesse que escolher apenas um talento, qual escolheria?”, e ela responde que “prefere ficar com as pessoas a ter qualquer talento, afinal, foram às pessoas que deram origem aos seus talentos”, a gente percebe que Violeta não quer ir para o céu, lá é um lugar para puritanos, de mau gosto, cristalino, sem lutas ou objetivos. Ela é sangue, suor e lágrima. Violeta está aqui ao nosso lado. Vencedor de melhor filme estrangeiro em Sundance.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Nunca é tarde para descobertas


Eu era uma criança, e depois fui um adolescente, muito preconceituoso em questão de banda de rock, ou melhor, em tudo que é música em geral. Cresci no rico período em que o Rock brasileiro estava no seu mais alto patamar, até a Rede Globo tinha um programa vespertino aos sábados chamado “Show Rock”, onde duas bandas se apresentavam com dois convidados famosos (Até bem pouco tempo eu ainda tinha um VHS gravado dessa época com Titãs e Barão e a participação especial de Caetano e Luiz Melodia).

Bom, mas voltando ao preconceito, eu tinha minhas bandas favoritas, como todos têm, e não ouvia nada que fugisse muito daquele estilo sonoro que eu julgava o melhor, e mais, se o som ficasse muito “popzinho” ou começasse a cair muito no gosto do povão, eu já deixava de ouvir.

Uma banda que eu nunca havia ouvido e que por puro preconceito falava mal era o “Hanói-Hanói”. Hoje nem lembro mais o porquê dessa banda não ter entrado sequer no rol das que ouvi e não gostei, eu simplesmente a descartava sem conhecer (deve ter sido pelo fato do nome ser meio escrotinho).

Mas é aí que vem a parte boa do preconceito. Hoje, eu já velho barbado, finalmente DESCOBRI Hanói-Hanói! E foi meio que por acaso, eu estava atrás de uma versão ao vivo de “Totalmente Demais” e acabei baixando o primeiro disco da banda, e foi só ouvi-lo na íntegra e ficar babando, arrepiado, emocionado. Já fui baixando tudo que eu encontrava deles, e por sorte consegui toda a discografia, cinco álbuns, quatro de estúdio e um ao vivo, tudo muito bom aos ouvidos, uma espécie de Cazuza misturado com Lobão com sonoridade à lá Júlio Barroso, o que da aquela nostalgia do rock carioca mais original da década de oitenta.

O vocal de Arnaldo Brandão é podre e doce, crítico e cínico, debochado e sincero. Os três discos de estúdio são para uma degustação sem pressa, repetindo cada faixa pra não perder nenhum detalhe, já o ao vivo é pra quando estiver puto ou triste, beber uma garrafa de vodca e ouvir no volume máximo.

Se você é de direita
Não tem nenhum direito
De dizer que é de direita
Quem nem mesmo à direita
Da esquerda....tá
(Hanói-Hanói)